Crianças Condicionais – reter ou não a criança no pré-escolar

Em Portugal, “A matrícula no 1.º ano do 1.º ciclo do ensino básico é obrigatória para as crianças que completem 6 anos de idade até 15 de Setembro. As crianças que completem os 6 anos de idade entre 16 de Setembro e 31 de Dezembro podem ingressar no 1.º ciclo do ensino básico se tal for requerido pelo encarregado de educação, dependendo a sua aceitação definitiva da existência de vaga nas turmas já constituídas (..)”[Despacho n.º 5048-B/2013]

Os primeiros anos de escolaridade são fortes preditores do comportamento a longo prazo da criança em relação a si mesmo, aos professores e à aprendizagem. Uma criança que sai dos primeiros anos sentindo-se bem consigo mesma, respeitando os professores e que desfruta do que aprende, considerará a educação como um desafio estimulante e positivo. Por outro lado, uma criança que deixa os primeiros anos de escolaridade sentindo-se mal consigo mesma, com pouca consideração pelos professores e desligada do ensino, achará o recreio a parte mais interessante do dia na escola.

A primeira infância é um período de crescimento intelectual muito rápido. Algumas crianças pequenas atingem a idade da razão, a capacidade de se envolver em raciocínio lógico e abstracto aos cinco anos, algumas aos seis, outras aos sete. O raciocínio abstracto e lógico permite que as crianças sigam as regras e percebam que uma coisa pode ter mais que um traço definidor. Estas duas habilidades são críticas para aprender a ler e a contar.

Se perguntar aos professores da pré-escolar o que as crianças precisam para ter sucesso na primária, eles dizem que as crianças devem ser capazes de:

a) seguir as instruções dos adultos

b) iniciar uma tarefa e concluí-la por conta própria

c) trabalhar cooperativamente com outras crianças – ficar na fila, dar a vez etc.

Com estas habilidades sociais em mãos, quando as crianças atingirem a idade da razão, elas facilmente dominarão as habilidades da aprendizagem formal.

Cada criança é uma criança. Os pais devem tomar a sua decisão relativamente ao facto do filho estar ou não pronto para entrar no 1º ano, tendo em conta as características da criança. Para uma criança pode ser benéfico atrasar um ano, para outras pode ser prejudicial. Não existe uma regra, existem competências adquiridas e factores cognitivos que se estiverem mais desenvolvidos podem ajudar a realizar esta transição de uma forma tranquila.

No centro dessa política de retenção equivocada e destrutiva está a suposição de que a educação é uma corrida e quanto mais cedo começar, mais cedo e melhor terminará. Mas a educação não é uma corrida; é uma jornada que nos a vários estágios de desenvolvimento ao longo da vida. A maneira como educamos os nossos filhos na infância determinará muito o sucesso no futuro.

Aproveite para se divertir ao máximo com o seu filho, e fazer parte do seu crescimento, e assim ter noção das suas características e capacidades de forma a facilitar a decisão de entrar ou não no ensino oficial.

Este deve ser um momento de partilha e alegria e não de tensão.

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