Vivemos numa cultura que vive com medo, o medo de fracassar e o medo de perder o conforto. Mas esse medo tem um preço alto. Muitos trabalham e exercem carreiras que não têm vitalidade para a sua essência, mas fazem isso porque lhes paga as contas.
Isto não é uma acusação às pessoas que têm que trabalhar para fazer face às suas despesas, em vez disso é para incentivar aqueles com a sensação de não estarem realizados profissionalmente.
O seu trabalho pode não estar a deixa-lo feliz, mas o medo de mudar prende-o. O seu íntimo, diz para avançar, mas os críticos dizem para esquecer isso e lidar com a realidade. Mas e se a sua vocação falar mais alto?
Reconhecer a sua vocação pode ser difícil e por vezes criar inseguranças e dúvidas. Alguns podem ter a sorte de ter nascido com amor ou paixão por uma determinada área profissional e habilidade, garantindo assim uma transição mais suave e facilmente enveredar pela sua vocação. Mas e quando se tem vocação para determinada área mas não se tem habilidade ou simplesmente não se sabe qual a vocação?
Primeiro precisa “perguntar” o que o impulsiona à ação? Retirando o poder monetário, o que realmente o motiva? O que passa a maior parte do tempo a pensar, a ler ou a falar? Há algum tema do dia-a-dia, que o leva para os “sonhos” no passado?
Por vezes é o nosso passado que nos impulsiona para o futuro, por isso é natural olhar para a sua história e avaliar melhor o que deseja fazer na sua vida.
Podemos passar anos a exercer algumas funções, que nos permitem experiências com grandes aprendizagens, mas às vezes são apenas viagens que temos de fazer até ao encontro da nossa vocação.
Em algum momento da nossa vida ou até em momentos de crise, podemos encontrar um caminho que tudo pode mudar. Ou ficamos perdidos em pensamentos como “perdi tudo” (emprego, casamento…), ou então assumimos o controlo da nossa vida e damos asas aos nossos sonhos. No meio da mágoa podemos encontrar focos de motivação. Uma citação tirada do filme Fight Club resume melhor “É só depois que perdemos tudo que somos livres para fazer qualquer coisa”.
“É muito melhor ousar coisas poderosas, conquistar triunfos gloriosos, embora cheios de falhas…do que ficar com aqueles pobres espíritos que não desfrutam nem sofrem muito, porque vivem num crepúsculo cinzento que não conhece vitória nem derrota. “- Theodore Roosevelt
É com as perdas, que temos oportunidade de nos redescobrir, plantar novos desejos e novos sonhos.
Para muitos, a crise pode ser a morte de um ente querido, uma doença debilitante, uma grande dificuldade financeira, ser despedido ou qualquer outra experiência que altere a vida.
No seu íntimo sabe que a vida não será mais a mesma. Os seus valores mudam, a visão do mundo fica abalada. É aqui que a sua confiança é testada e dada a oportunidade de se aprofundar e crescer.
Com o tempo podemos recuperar, voltar à normalidade. Mas mesmo assim não nos sentir realizados, um vazio sem sentido, um desconforto e uma desconexão com a própria vida. Será que a vida depois da perda faz sentido, ou este sentimento faz apenas parte da fase do “luto”?
Depois da crise todos nos dizem “para seguir em frente”. Mas e quando permanecemos no mesmo caminho, mas a sensação incômoda, essa sensação que inquieta, que nos coloca a pensar ir mais longe do que estamos habituados a fazer. Queremos ir mais além ao encontro da nossa vocação, mas depois vem o medo, “desistir de um emprego bem remunerado e enfrentar perguntas intermináveis …”
Nada acontece do dia para a noite, podemos levar anos até encontrar a nossa vocação, o crescimento leva tempo. Vivemos numa era de acesso instantâneo e a busca por mudanças instantâneas. Permita-se a ter uma concepção de um novo “EU”, mesmo antes que haja qualquer movimento tangível, você pode passar anos a meditar sobre as suas ideias. Mas ainda assim, chegará o momento de tomar uma decisão e, quando esse momento chegar, dê o primeiro passo e caminhe com ousadia, com confiança , convicção e coragem.